Apetite por investimento cresce entre líderes de médio porte

Disponibilidade de trabalhadores qualificados e custos trabalhistas 

Globalmente, mais de metade dos líderes empresariais de médio porte (53%) ainda veem a disponibilidade de trabalhadores qualificados como uma barreira ao crescimento. Este valor caiu quatro pontos percentuais desde o final de 2022, mas demonstra que a maioria das empresas continua a lutar para encontrar as competências certas.

Nos EUA, registrou-se uma diminuição significativa, caindo de 67% para 56%, mas mais de metade dos líderes empresariais dos EUA ainda veem a escassez de trabalhadores qualificados como uma restrição ao crescimento. Entretanto, na China, um número crescente de empresas está preocupado com a falta de competências, com um aumento de 3% este ano, para 57%. 

Da mesma forma, o percentual de entrevistados que consideram os custos trabalhistas como uma restrição fundamental ao crescimento das empresas caiu de 55% no segundo semestre de 2022 para 53% em 2023, sugerindo que o aumento dos custos com pessoas foi amplamente levado em consideração nos modelos operacionais revistos.  

“Em Cingapura, muitas vezes dependemos muito do que se passa no mundo, especialmente na China, nos Estados Unidos ou na Europa. Os líderes empresariais aqui têm de estar constantemente atentos ao que está acontecendo nesses mercados, porque isso terá um impacto sobre nós.   

“Mas, independentemente disso, as empresas aqui ainda atraem muitos investimentos. Há um grande fluxo de dinheiro entrando em Cingapura. Penso que isto se deve, em parte, ao fato de ser visto como uma base estável para as empresas, isolada de tensões geopolíticas mais amplas. Também temos aqui um ambiente favorável aos negócios, com as competências e o ambiente comercial que apoiam os empreendedores e aqueles que procuram crescer.” - Emily Lai, Sócia, Riscos de Negócios, Grant Thornton Cingapura  

Apesar das pressões inflacionárias significativas, a maioria das empresas de médio porte pretendem garantir que os salários que pagam se mantenham elevados. Globalmente, sete em cada dez empresas planejam conceder aumentos salariais iguais ou superiores à inflação. Os funcionários na América do Norte têm maior probabilidade de obter um aumento salarial significativo, com 27% das empresas a oferecerem aumentos reais. Da mesma forma, no Reino Unido, os dados mais recentes mostram que o crescimento médio dos salários excedeu a inflação pela primeira vez em quase dois anos. [iv]

“Sendo a disponibilidade de funcionários qualificados ainda uma grande preocupação, existem formas importantes para as empresas de médio porte atraírem e, mais importante ainda, reterem talentos.  Mais do que nunca, a cultura da empresa desempenha um papel fundamental – isto inclui a marca, os valores, o propósito da empresa, a equipa e o ambiente de trabalho e as relações com os colegas.

É muito mais provável que os funcionários permaneçam e sejam defensores se, por exemplo, forem desafiados, gostarem de trabalhar com a sua equipe ou se tiverem flexibilidade para um equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Cada vez mais, não se trata apenas do pacote de remuneração” - David Munton, Líder Global – Capacidades e Suporte Internacionais, Grant Thornton International.

Investir nas competências dos funcionários  

As empresas reconhecem a importância de investir no desenvolvimento de competências das suas equipes, desde programas de formação a estágios. Essa é uma maneira pela qual as empresas de médio porte podem trazer novas habilidades, sem ter que tomar decisões de contratação dispendiosas.

O percentual de líderes empresariais de médio porte que esperam um aumento no investimento nas habilidades de suas pessoas durante os próximos 12 meses é de 57%, logo atrás do investimento em tecnologia (61%), mas à frente do investimento em P&D (54%), investimento em instalações e máquinas (46%) e investimento em novos edifícios (38%).

As expectativas relativamente baixas de investimento em edifícios refletem talvez mudanças mais amplas nas práticas de trabalho, com a popularidade do trabalho híbrido a significar que muitas empresas necessitam de menos espaço. 

O aumento do investimento nas habilidades das pessoas está sendo sentido em quase todas as regiões, com a América do Norte registrando o maior aumento, de 60% em 2022 para 69% na primeira parte de 2023. A única região que regista uma queda é a América Latina, caindo de 61% para 55%. Embora a EMEA (Europa, África e Oriente Médio) ainda permaneça abaixo da média global, ela aumentou ligeiramente de 51% para 53%"  

“A região latino-americana é um alvo muito bom para investimentos, com uma população enorme e custos baixos devido à moeda e à taxa de câmbio. À medida que a América Latina muda o seu foco da indústria para os serviços, é essencial que as empresas de médio porte se concentrem no investimento em pessoas e competências. - Sabrina Lawder, Sócia de Impostos Internacionais, Grant Thornton Brasil

Embora tenha havido muita atenção às possibilidades oferecidas pela Inteligência Artificial, o investimento em tecnologia não substitui o investimento nas pessoas, e as empresas de médio porte podem se beneficiar do investimento em ambos. Por exemplo, de acordo com um estudo recente do Governo do Reino Unido, embora muitos empregos enfrentem uma elevada probabilidade de automatização, a IA também irá criar numerosos empregos através do impulso que dá à produtividade e ao crescimento econômico.

Alguns empregos estarão em áreas diretamente ligadas à tecnologia, mas muitos estarão em serviços relativamente difíceis de automatizar (por exemplo, saúde e cuidados pessoais) que são mais procurados devido aos rendimentos e às despesas reais adicionais decorrentes da maior produtividade gerada pela IA. [v]

“A longo prazo, os líderes empresariais sabem que precisam ter as habilidades necessárias em suas empresas para que possam aproveitar ao máximo as novas tecnologias. O que os líderes estão tentando fazer é reciclar e requalificar os seus colaboradores para se manterem competitivos. Isso significa garantir que seus colaboradores se sintam confortáveis em trabalhar com coisas como análise avançada de dados, blockchain e IA, além de possuir as habilidades básicas exigidas para sua função. 

“Quando falo com clientes agora, muitos deles estão falando sobre bots. Mas muitos deles descobrem que as pessoas das suas equipes atuais não possuem as competências tecnológicas relevantes para operá-los ou não compreendem as eficiências potenciais que poderiam ser alcançadas. Os líderes sabem que se não começarem a investir nestas competências, poderão ficar para trás devido à disrupção tecnológica.”
- Emily Lai, Sócia, Riscos de Negócios, Grant Thornton Cingapura