A perspectiva de recuperação está mais forte entre as empresas de médio porte. Mais de dois terços dessas empresas agora estão se sentindo um pouco ou muito otimistas em relação às suas próprias economias. Isso representa 22 pontos percentuais (pp) maior do que os níveis observados no segundo semestre de 2020 e agora até bem acima dos níveis pré-Covid. A perspectiva melhorada está de acordo com a previsão do Banco Mundial de um crescimento de 5,6% na economia mundial em 2021 e o que denomina "seu ritmo pós-recessão mais forte em 80 anos".
As lideranças também se sentem muito mais otimistas quanto às perspectivas de seus próprios negócios. As expectativas de crescimento de receita e lucro aumentaram 12 pontos percentuais (pp) no primeiro semestre de 2021 em comparação com a última onda de pesquisas. 57% agora esperam aumentar a receita nos próximos 12 meses e 56% esperam aumentar os lucros. Ambos os indicadores estão se aproximando de níveis não vistos desde 2018, impactados até certo ponto por comparações mais baixas durante a pandemia.
Mike Ward, líder global de Consultoria da Grant Thornton International Ltd., diz que essa recuperação relativamente rápida oferece uma vantagem de pioneiro. “Seu objetivo em qualquer recessão é tentar não cair muito profundamente. Encontre o chão, corra pelo chão, alcance o outro lado e saia antes de todo mundo, porque você consegue pegar primeiro os recursos”.
Restrição de oferta iminente, com desafios de acesso a financiamento e talentos
A primeira tomada de recursos é particularmente importante, dado que o mercado de médio porte está enfrentando uma crise de oferta iminente. Nosso índice considera as perspectivas e as restrições para obter uma visão completa da saúde dos negócios. Do lado das restrições, as relacionadas à oferta são elevadas em diversas áreas, incluindo acesso a financiamento, disponibilidade de mão de obra qualificada, regulamentação e burocracia.
A preocupação com finanças é algo que comentamos no passado, mas se tornou ainda mais problemática agora, com 51% citando como uma restrição importante. O mercado de médio porte depende principalmente de financiamento bancário e, em alguns países, tem havido uma redução na oferta de crédito devido a dívidas elevadas e à crescente aversão ao risco. Francesca também aponta que “a maioria dos países que tinham programas de licença ou incentivo estão retirando-os ou reduzindo-os, o que têm servido como a salvação para muitas empresas”.
Atualmente, as empresas também estão enfrentando desafios em busca de talentos, com quase 60% das lideranças destacando preocupações sobre a disponibilidade de mão de obra qualificada. Essa escassez é agravada pela recuperação econômica e pelo aumento da competição por profissionais, e se mostra em outros indicadores, como preocupações elevadas com custos de mão de obra e maiores aumentos salariais esperados.
A Grant Thornton sugeriu uma série de estratégias para lidar com esse problema, indicando considerar as pessoas em primeiro lugar na agenda do negócio. Mike diz que um número crescente de clientes da Grant Thornton nos Estados Unidos está procurando fontes alternativas de mão de obra. Eles estão adotando a contratação remota e trabalhando para ampliar o pool de talentos – tendo feito isso com sucesso durante toda a pandemia.
Para ampliar ainda mais esse grupo, Francesca enfatiza a importância da diversidade e da liderança inclusiva. As mudanças nas práticas de trabalho e os desenvolvimentos em tecnologia impulsionados pela pandemia trazem inúmeras oportunidades para as empresas.
Mas para maximizar o potencial desse novo cenário, as lideranças precisam ser interculturais, conectadas e empáticas. Sabemos que, em resposta à Covid-19, 45% das empresas em todo o mundo promoveram o equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal e a flexibilidade para impulsionar o envolvimento e a inclusão dos colaboradores, e 37% instigaram novas práticas de trabalho para engajar melhor todas as pessoas.
A crise de oferta provavelmente não permitirá o retorno do índice em patamares anteriores, mas influenciará em melhorias adicionais e os líderes da empresa devem lidar com essas questões agora para evitar qualquer desaceleração – e obter os primeiros recursos.
“Eles devem assumir o controle das coisas que podem controlar”, aconselha Robert Hannah, líder de Consultoria da Grant Thornton Reino Unido e Diretor Executivo – Apoio a Negócios Internacionais da Grant Thornton International e líder de Consultoria da Grant Thornton UK.
Riscos inflacionários
É importante enfatizar que as restrições de oferta aumentam significativamente o risco de inflação. Nos EUA, por exemplo, a inflação de junho atingiu 5,4%, registrando seu maior salto desde 2008, com gargalos na cadeia de abastecimento citados entre as causas. Para muitas empresas, este será um novo inimigo e pode ser perigoso.
A inflação pode reduzir a lucratividade e, principalmente, precisa ser combatida por meio de aumentos no preço de venda (externamente) e melhorias de produtividade (internamente). Mas também traz a perspectiva de taxas de juros mais altas para controlar a inflação, o que pode desacelerar drasticamente a demanda e elevar os custos de empréstimos.
“Você aprende a lidar com a inflação sendo mais eficiente”, diz Robert. “Descobrir o quanto você pode passar adiante e como se tornar mais eficiente – o uso da tecnologia é fundamental nesse sentido. Priorize investimentos que o tornem mais eficiente e tenha cuidado com os níveis de dívida, talvez tentando gerenciá-los para baixo.”
Corrida para os mercados internacionais
A Grant Thornton acompanhou mudanças extraordinárias nas atitudes em relação à internacionalização durante o curso desta crise. Desde o retorno aos mercados domésticos durante os primeiros dias, ao retorno promissor aos mercados internacionais. Recentemente, analisamos as oportunidades de clientes e concorrentes internacionalmente e concluímos que existe uma oportunidade única para as empresas crescerem internacionalmente.
No primeiro semestre de 2021 foi possível verificar uma grande quantidade de empresas que buscam crescer internacionalmente, uma tendência que exploraremos mais a fundo nos próximos insights. Cerca de 45% de todas as empresas de médio porte esperam aumentar as exportações nos próximos 12 meses, o que representa 11 pp acima do registrado no segundo semestre de 2020 e o nível mais alto na década de resultados do International Business Report (IBR). Para apoiar este crescimento, 39% das empresas estão agora dedicando uma proporção maior de funcionários ao atendimento de mercados internacionais do que aos mercados domésticos.
A expansão das vendas para o exterior não se trata apenas de uma recuperação dos mercados existentes, mas também da expansão de empresas para novos mercados. 43% das empresas estão prevendo um aumento no número de países para os quais venderão no próximo ano – é quase o dobro do nível visto durante o auge da pandemia.