Apesar de ter apresentado um índice maior do que o registrado na pesquisa anterior, o Brasil caiu duas posições no ranking e está em 10º lugar entre países mais otimistas com a recuperação dos negócios.

Os impactos da pandemia de Covid-19 ainda estão gerando instabilidade econômica global, mas o avanço no ritmo da vacinação tem elevado o grau de otimismo e aberto uma nova perspectiva com relação à retomada dos negócios. 

Após encerrar 2020 com 61% das lideranças brasileiras do mid-market demonstrando otimismo com o futuro da economia, o primeiro semestre de 2021 registrou uma melhora, com 66% enxergando um cenário mais positivo nos próximos 12 meses.

Esse posicionamento, no entanto, não refletiu em uma melhor colocação no ranking global presente no International Business Report (IBR), produzido pela Grant Thornton com a participação de cerca de cinco mil lideranças do middle-market em 29 países – sendo 253 delas no Brasil.  O maior nível de otimismo em outros países do que no Brasil pode ser atribuído ao avanço mais acelerado da vacinação contra a Covid-19, sobretudo nos Estados Unidos, na China e nos países europeus.

O estudo mostra que a média global também registrou melhora, com 69% das lideranças globais demonstrando otimismo – 12 pontos percentuais (p.p.) acima do apurado na edição anterior.

A pesquisa foi realizada entre maio e junho de 2021 e abrange diversos indicadores, desde receita, investimentos, empregabilidade até perspectivas sobre setores específicos, para que seja possível chegar a um grau de otimismo geral sobre o futuro da economia e dos negócios.

Trata-se de uma perspectiva atualizada semestralmente e, nas últimas edições, realizada em meio a um cenário em constante transformação, com apuração desde o início dos bloqueios relacionados à pandemia até a flexibilização das restrições em algumas partes do mundo.

Acesse nossa metodologia para obter mais detalhes sobre a realização do International Business Report.

IBR: Confira a metodologia aplicada

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Principais indicadores - International Business Report

Receita

Para 79% dos empresários pesquisados, haverá aumento de receita nos próximos 12 meses, 28 pontos percentuais (p.p) a mais do que o registrado no mesmo período de 2020 (51%), e acima da média global (57%) e da América Latina (55%).

Apesar das altas expectativas no longo prazo, os resultados de parte da pesquisa que trata de questões diretamente ligadas aos efeitos da pandemia não mostram um cenário tão positivo no curto prazo. O percentual dos que acreditam que os seus negócios crescerão 10% ou mais este ano é de 16,6%; para 25,3% o crescimento será de até 9%, e 13,8% acham que a receita da empresa permanecerá a mesma. Com relação à queda no faturamento, 19% dos entrevistados preveem uma diminuição de até 9% e 12,3% estimam essa perda entre 10 e 19%.

Exportações

Com relação às exportações, a pesquisa vem apresentando melhoras no otimismo a cada edição. Há um ano, 40% dos entrevistados brasileiros acreditavam na tendência de crescimento, esse índice subiu para 52% há seis meses e atingiu os 57% na edição atual, que aponta uma média global de 45%. A receita obtida no mercado externo, para 51%, também deve ser maior do que no mercado local, posicionando o Brasil no 4° lugar no ranking, enquanto a média global ficou em 41%.

Investimentos em imobilizados

57% dos empresários brasileiros prevêem aumento em novas plantas e máquinas nos próximos 12 meses, um aumento de 16 pontos percentuais em relação ao primeiro semestre de 2020. A perspectiva positiva também foi identificada para investimentos em novos edifícios que, após chegar a 39% no primeiro semestre de 2020, agora aparece com 64% de expectativa de crescimento entre o empresariado brasileiro – enquanto a perspectiva global é de 38% de aumento.

Restrições ao crescimento

A pesquisa IBR também procurou saber quais as principais restrições ao crescimento nos negócios em cada país. Para 41% dos empresários brasileiros, o maior entrave é a falta de financiamento, índice que estava em 52% no mesmo período do ano passado. A burocracia, segundo os entrevistados, aumentou de 55% para 58% em um ano, enquanto a falta de mão de obra qualificada diminuiu de 51% para 47%, e o custo de mão de obra caiu de 50% para 45%. As incertezas econômicas também aparecem como um entrave para 58% dos empresários no Brasil. Em 2020, o índice era de 66%.

Empregabilidade e capacitação

O emprego foi outro item no qual o Brasil se destacou, com 77% dos empresários afirmando ter expectativa de crescimento em um ano, 31 pontos percentuais acima do registrado no país no primeiro semestre de 2020 e dos 48% da expectativa global.

A pesquisa revela, ainda, que 74% dos respondentes brasileiros consideram investir mais nas habilidades de suas equipes, índice muito superior ao registrado no mesmo período do ano passado (51%), assim como da atual média global, de 56%.

Modelo de trabalho

Outro resultado em destaque na pesquisa diz respeito à adoção do home office como forma de trabalho permanente, com redução do espaço físico das instalações da empresa. Para 32% dos executivos, essa decisão já é certa, enquanto 45% deles disseram estar avaliando seriamente essa possibilidade. Outros 15% afirmaram não pretender tornar o home office permanente, mas não descartam tal decisão, e somente 7% descartaram totalmente essa possibilidade.

Quando questionados sobre o suporte à saúde mental e psicológica dos colaboradores, os empresários brasileiros afirmaram que já ofereciam essa assistência antes da pandemia (64%); começaram a oferecer suporte durante a pandemia (22%); não, mas pretendem passar a oferecer (13%), e 2% responderam somente não.

Ronaldo Loyola (1).png“As mudanças na forma como as empresas se relacionam com seus colaboradores foram marcantes no último ano, em função da nova realidade imposta pela pandemia. A alta adesão ao home office pelas empresas no Brasil, em linha com o que acontece em diversas partes do mundo, é um ótimo exemplo de um cenário que seria pouco provável dentro da evolução natural dos negócios, que vivíamos até o início de 2020”, avalia Ronaldo Loyola, sócio da área de Capital Humano, da Grant Thornton Brasil.

Daniel_Maranhão_02.png Na visão de Daniel Maranhão, CEO da Grant Thornton Brasil, é importante ressaltar a tendência das empresas brasileiras explorarem mais o mercado externo, considerando a taxa de câmbio favorável e o aquecimento do consumo nas principais economias, pois 57% dos empresários esperam aumentar suas exportações nos próximos 12 meses e 58% pretendem aumentar também o número de países com os quais fazem negócios. Com o aumento do volume exportado e a entrada em novos mercados, essas empresas podem alavancar a oferta de novos empregos.

O executivo ressalta, ainda, que as empresas médias brasileiras tiveram os seis meses mais fortes entre as dos três países latino-americanos monitorados pelo IBR (Brasil, México e Argentina). “Atualmente, o Brasil é o país com maior reserva cambial e melhor preparado para a retomada econômica na região, graças às menores barreiras ao crescimento e melhores oportunidades proporcionadas pela baixa taxa de juros, maior busca de recursos e investimentos e o auxílio emergencial do governo”, afirma.

“Além disso, esse cenário de otimismo com relação ao crescimento econômico está baseado também no avanço dos programas de reforma tributária e de privatização, juntamente com a imunização da população contra a Covid-19. Mas, há que se considerar, ainda, a eleição presidencial de 2022 e os rumos que o país tomara a partir de seu resultado”.

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O International Business Report (IBR) é publicado semestralmente pela Grant Thorntone e traz informações relevantes para a competitividade de empresas do middle-market. Também publicaremos informações adicionais de nossa pesquisa ao longo do ano.

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