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Gestão eficiente da cadeia de suprimentos hospitalar
Consolidação, redução de custos de aquisições, padronização e otimização do processo de compras
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Auditoria interna hospitalar
Solução de data analytics para execução de auditoria interna focada no setor da saúde, garantindo maior agilidade e precisão na tomada de decisões
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RN 443 – Implantação geral e emissão de PPA
Maiores controles internos e gestão de riscos para fins de solvência das operadoras de planos de assistência à saúde
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RN 452 – Apoio da estruturação da auditoria interna de compliance
Avaliação de resultados das operadoras de saúde para assegurar conformidade legal em seus processos
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Relatório SOC 2
Com Relatório SOC, certificação e parecer independente é possível agregar credibilidade aos beneficiários do setor de saúde sobre os processos internos e controles
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Energia e tecnologia limpa
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Petróleo e Gás
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Mineração
Construção de força de trabalho com mais mobilidade, entendimento das alterações da legislação e elaboração de processos para gerenciar riscos de corrupção.
No modelo de sociedade atual de clubes, a grande maioria das entidades são caracterizadas como clube associativo, sem fins lucrativos, não podendo haver distribuição de lucros entre os sócios. Com a transição para os modelos de sociedade empresarial isto poderá ocorrer.
Este movimento de alteração da forma da entidade vem acontecendo, atraindo investidores – já que a entidade passa a poder distribuir lucros –, e sendo incentivado com a redução de tributos, que são diferenciados dos de uma empresa nos primeiros anos e com o regime centralizado de execuções com plano de pagamento aos credores dos passivos existentes, em até seis anos renováveis por mais quatro anos. Neste artigo, trataremos como SAF o modelo de sociedade desta transição para clube-empresa.
Movimentações recentes no mercado da bola
Segundo dados divulgados na imprensa brasileira, no final de dezembro de 2021, o Cruzeiro Esporte Clube anunciou a venda de 90% das quotas da SAF Cruzeiro, por R$ 400 milhões, para o ex-jogador de futebol da seleção brasileira e dono do Real Valladolid Club de Fútbol, da Espanha, Ronaldo Nazário. Este montante é referente apenas ao valor que será aportado na SAF e não se refere ao total, considerando os passivos assumidos.
No início de janeiro de 2022, o Botafogo de Futebol e Regatas anunciou a venda de 90% das quotas da SAF Botafogo, também por R$ 400 milhões ao empresário americano e dono do Crystal Palace Football Club, da Inglaterra, John Textor.
Diante destas transações, algumas questões surgem como:
- Quais ativos estão sendo negociados?
- Como estes valores e participações estão sendo mensurados?
- Quais pontos de atenção e metodologias devem ser levados em consideração para mensurar o valor do negócio?
O primeiro item a ser analisado é a composição dos ativos que farão parte da SAF e os passivos que serão assumidos. Muitos clubes possuem além do futebol profissional, uma sede social e esportiva com associados, estádio, centro de treinamento, equipes profissionais de outras modalidades, categorias de base, entre outros ativos.
Outro ponto a ser levado em consideração é a participação que será negociada. Em mercados mais maduros, como Europa, existem modelos de transação, onde foi realizada a venda de 100% das quotas, como é o caso do Chelsea Football Club, venda de participação majoritária, como é o caso de Paris Saint-Germain Football Club, e a venda de participação minoritária como é o caso do Football Club Bayern Muniche.
Abordagens de avaliação de empresas - valuation
As principais abordagens de Valuation utilizadas para mensurar o valor de um negócio são:
- Abordagem da renda, baseada na projeção de fluxos de caixa futuros; e
- Abordagem de mercado, baseada em dados de empresas e transações comparáveis.
A abordagem da renda, baseada na projeção de fluxo de caixa futuro, é uma das principais abordagens utilizadas por avaliadores para mensurar o valor de um negócio, pois ela captura o valor dos ativos tangíveis e intangíveis (marca, torcida) no fluxo de caixa. Esta metodologia leva em consideração a projeção de receitas, custos, despesas, impostos, investimentos, depreciação e capital de giro, durante um período de anos e o resultado destes fluxos projetados, são trazidos a valor presente por uma taxa de desconto que reflita o risco do negócio.
Neste artigo, a abordagem será relacionada a receitas, custos, despesas e investimentos que devem ser analisados e contemplados na composição dos fluxos de caixa projetados do negócio que está sendo transacionado.
O primeiro desafio é partir de dados confiáveis. Normalmente em um processo de transação, uma das etapas é a due diligence, processo de avaliação de potenciais riscos e contingências contábeis, financeiras, tributárias e trabalhistas – e depois tentar mensurar o impacto dos principais drivers de receitas, custos, despesas e investimentos que impactam o valor do negócio.
Começando pela composição da receita é importante o estudo analisar e contemplar todas as receitas advindas do ativo negociado, dentre elas:
Campeonatos disputados vs. acesso ou descenso: os campeonatos (Regional, Brasileiro, Copa do Brasil, Sul-Americana, Libertadores, Mundial) têm premiações distintas por fase e colocação que o time termina a competição. No caso de times que estão na Série B do Campeonato Brasileiro, com boas condições de subirem para Série A e, consequentemente, se credenciarem para disputar outras competições, o impacto na receita é relevante. O mesmo acontece nos times que têm uma boa colocação no Brasileiro Série A e se classificam para disputar competições internacionais. Todos estes cenários de posicionamento nos campeonatos, o acesso e descenso devem ser considerados no estudo.
Direitos de transmissão: receita com a venda dos direitos de transmissão dos jogos via TV Aberta, TV Fechada e outras plataformas. Em função da dificuldade financeira dos clubes, alguns antecipam esta receita. Importante ver o reflexo no Valuation.
Bilheteria: receita com a venda de ingressos, detalhada por competição e local.
Sócio torcedor: receita de anuidade paga por torcedores para ser associado.
Patrocínios: receita com patrocínios em camisa ou outras exposições que geram recursos para o clube.
Produtos licenciados, camisas: receita de royalties de venda de produtos licenciados, escolinhas de futebol ou de camisas do clube.
Transação com jogadores: receita com a venda ou empréstimo de jogadores.
Arena: no caso de clubes com estádio próprio, receita de naming rights, venda de produtos, camarote, eventos, shows, entre outros. Importante analisar se o ativo que gera esta receita, está contemplado na composição da SAF.
Com relação aos custos, despesas e investimentos é importante contemplar na análise:
Gastos com pessoal: salários, encargos, benefícios e direito de imagem dos atletas, comissão técnica e de todos envolvidos no negócio;
Gastos com jogos: todos os gastos atrelados a uma partida de futebol, jogando em estádio próprio ou de terceiros;
Gastos com viagens e acomodação: todos os gastos com viagens e acomodações, que não sejam bancados pelas federações ou confederações;
Gastos gerais e administrativos: todos os gastos com despesas gerais e administrativas, que estejam diretamente relacionadas ao negócio;
Transação com jogadores: despesas com a compra ou empréstimo de jogadores e comissões pagas a empresários;
Investimentos (Capex): montantes voltados para aquisição/manutenção de ativos fixos, real estate e imobilizado. Atentar se os investimentos estão atrelados aos ativos que foram contemplados na SAF. No caso de construção de um ativo, verificar os impactos futuros nas rubricas de receitas e despesas advindas deste novo ativo (ex: novo centro de treinamento x gastos adicionais).
Um bom entendimento da composição dos ativos e passivos que compõe a SAF, com as respectivas análises e sensibilidades das rubricas de receitas, custos, despesas, tributos, depreciação, investimentos e capital de giro, que compõe o Fluxo de Caixa projetado da SAF, além da taxa de desconto, e das particularidades do clube e do segmento, são essenciais para capturar e refletir de forma assertiva o valor do negócio.