Recuperação do mid-market global amplia nos setores

‘Desigual’ é como descrevemos o impacto da Covid-19 em diferentes indústrias de médio porte globalmente – tanto ao avaliar os primeiros desafios no início de 2020 quanto na recuperação inicial no segundo semestre de 2020. Em meados de 2021, é realmente encorajador ver alguns desses reflexos negativos reduzirem e mais indústrias participando da recuperação geral.

Conforme avaliado pelo Global Business Pulse da Grant Thornton, oito das 13 indústrias de médio porte monitoradas retornaram à saúde positiva no primeiro semestre de 2021, em comparação com apenas duas no segundo semestre de 2020. E a disseminação dos resultados do índice diminuiu acentuadamente, à medida que mais setores aproveitaram os benefícios da recuperação geral do mid-market.

Entre os maiores impulsionadores da indústria, o setor de transporte e o de saúde retornaram a território positivo.

O setor de viagens, turismo e lazer também apresentaram melhora, após experimentar queda nas expectativas de receita e aumento das barreiras ao crescimento no segundo semestre de 2020. A nova pesquisa revela que mais da metade (58%) da indústria agora espera um aumento nas receitas, ante 27% no semestre anterior. Mas a incerteza permanece alta em 67%, com restrições de viagens imprevisíveis e novos surtos da variante Delta, forçando as empresas a se adaptarem às circunstâncias em constante mudança.

Serviços públicos e financeiros foram os dois únicos setores a resistir à tendência de alta, com o setor de eletricidade, gás e água caindo 4,5 pontos do índice, para 1,2.

A demanda global aumenta as expectativas de receita de tecnologia

O setor de telecomunicações, mídia e tecnologia (TMT) ficou positivo no primeiro semestre de 2021, com o índice ligeiramente acima da média global. A perspectiva para o setor atingiu um recorde de alta de 67, impulsionada por condições e intenções de investimento positivas. Por outro lado, as restrições pioraram 9 pontos devido à crescente preocupação com as restrições de demanda e oferta. O setor de mídia foi o mais pessimista nas perspectivas.

Tecnologia foi o mais otimista dentro do setor TMT, já que o investimento em tecnologias e a adaptação nos últimos 18 meses continuam a gerar mudanças duradouras, à medida que os padrões de vida profissional em particular continuam mudando. As empresas TMT antecipam um aumento significativo nas receitas dos mercados internacionais, e 53% das empresas de tecnologia vão dedicar mais funcionários para se concentrar nos mercados internacionais.

Fergus Condon, sócio de financial accounting e serviços de consultoria da Grant Thornton Irlanda, diz que o otimismo em tecnologia é parcialmente um reflexo de uma economia global mais positiva. “Esse otimismo atinge certos setores mais do que outros, e a tecnologia é um deles. Não foi tão adversamente afetado como alguns pela pandemia. Enquanto isso, a mudança cultural e a aceitação da tecnologia durante a pandemia significam que a adoção da tecnologia será maior nos próximos 12 a 24 meses”.

Entre as restrições de oferta, as empresas de tecnologia expressaram preocupação com a escassez de habilidades e o aumento dos custos da mão de obra, um problema anterior à pandemia. Mais empresas de tecnologia estão pensando no fornecimento de talentos de longo prazo, espalhando a rede para atrair habilidades e abordando os desafios que vêm com isso.

De acordo com Fergus, “se você tiver tempo, pode se mudar de sua cidade atual, se você já esgotou a base de talentos de lá, talvez para uma boa cidade universitária. Você também deve analisar mais amplamente e considerar equipes de pessoas que trabalham em locais no exterior. Isso traz consigo desafios em torno do pagamento de impostos trabalhistas nesses países, questões relacionadas a estabelecimentos permanentes e a gestão de aspectos culturais”.

Com a crescente internacionalização, regulamentações diferentes e em mudança tornam-se um desafio mais significativo. Como diz Fergus, “quando as empresas sabem quanto têm de pagar em impostos, podem lidar com isso. Mas quando eles não sabem, porque ainda não foi resolvido, isso torna a vida difícil. Afeta as decisões de investimento, especialmente quando eles não decidiram para onde querem ir”.

Escassez de financiamento e habilidades superam o otimismo no setor bancário

Depois de mostrar força no segundo semestre de 2020, o índice da indústria de serviços financeiros caiu 2 pontos e permanece em território negativo em -5,3. As restrições de oferta e demanda arrastaram sobre a indústria, apesar de uma perspectiva fortemente melhorada subindo para 62, perto do recorde de 64 no início de 2017. O otimismo crescente e a melhoria das condições e do investimento apoiaram as perspectivas, à medida que as economias começaram a se abrir e outras indústrias começaram a buscar financiamento para ajudá-las a se recuperar e crescer.

Embora a gestão de ativos tenha sido a mais dinâmica no setor de serviços financeiros, o setor bancário mostrou resiliência no ano passado e o otimismo dentro do setor está em linha com a média global. As expectativas de crescimento dos bancos para os próximos 12 meses estavam acima da média global.

Stephen Tennant, head de serviços financeiros da Grant Thornton Irlanda afirma que os CEOs irlandeses estão otimistas. “Os bancos são mais necessários do que nunca e, embora tenham mais concorrência dos prestadores de serviços de pagamento, eles têm uma demanda de mercado que não está diminuindo. Os bancos estavam mais focados na eficiência durante a pandemia do que nunca e estão aprendendo que podem realizar grande parte de suas atividades operacionais com mais eficiência. E dentro do banco digital, eles percebem que podem interagir com seus clientes de forma mais eficiente”.

Os bancos expressaram preocupação com a escassez de financiamento, com 75% citando a disponibilidade de financiamento como uma restrição, ante 61% no segundo semestre de 2020. Embora isso não seja uma preocupação em todas as jurisdições, especialmente nos Estados Unidos, é uma causa de contração em alguns mercados. Stephen diz: “Estamos em um mundo onde os novos participantes podem obter dinheiro mais rápida e facilmente do que os bancos tradicionais, de modo que a falta de financiamento é um problema. E é por isso que vários bancos estão deixando o mercado na Irlanda, por exemplo”.

Outra restrição crítica é a oferta de talentos, com 73% dos bancos de médio porte afirmando que foi uma restrição significativa ao crescimento.

Graham Tasman, consultor de risco e líder do setor bancário da Grant Thornton EUA, diz que já havia uma necessidade de transformar as habilidades dentro do setor antes da pandemia. “Se você vai oferecer novos produtos e serviços, a mão de obra e os recursos necessários para alcançar essa mudança devem ser mais voltados à tecnologia. É difícil encontrar pessoas qualificadas que entendam de serviços bancários, entendam os produtos, possam fazer gerenciamento de relacionamento com clientes comerciais e também tenham um grau suficiente de conhecimento de tecnologia para impulsionar o nível de transformação digital neste novo mundo”.

Graham acrescenta: “As restrições de mobilidade impostas pela pandemia global mostraram que há mais disposição para fazer transações bancárias online em todas as gerações; não são mais apenas pessoas mais jovens. Isso pode forçar mais P&D em soluções online e digitais e começar a fazer as instituições pensarem em limitar ainda mais sua pegada no varejo, porque esse é um item de grande custo”.

A incerteza econômica continua sendo uma preocupação para o setor bancário, com 45% do setor citando que tem uma restrição importante. Stephen Tennant observa que “embora haja otimismo dentro dos bancos, também há incerteza quanto à preocupação sobre quais setores vão se recuperar. Embora a manufatura, os serviços profissionais e a tecnologia pareçam estar se recuperando de forma robusta, há uma preocupação em torno de quanto tempo levará o varejo, a hospitalidade para se recuperar e quão bem provisionados os bancos estão para lidar com isso”.

O sucesso da vacina e a demanda reprimida estimulam o otimismo no setor de Life Science

A pontuação geral do índice do setor de saúde tornou-se positiva no primeiro semestre de 2021, subindo quase 7 pontos para 1,6, que é maior do que a média global. A perspectiva aumentou em robustos 12 pontos para 52, acima do nível pré-pandêmico de 51. Isso foi impulsionado por uma forte recuperação no otimismo, disparando 27 pontos percentuais (pp) para 65%, após uma queda acentuada no primeiro semestre de 2020 e apenas uma melhora modesta no segundo semestre.

A reabertura de países certamente está sustentando a demanda e aumentando o otimismo. O setor também está se beneficiando de uma mudança em sua imagem pública.

Amy Flynn, líder de Life Science na Grant Thornton EUA, diz que “durante a pandemia, as empresas de ciências biológicas colaboraram de maneiras que não tinham no passado. Eles tiveram um sucesso incrível no desenvolvimento, produção e distribuição de vacinas em uma velocidade nunca vista antes, e eles experimentaram uma percepção muito positiva em todo o mundo”.

As restrições melhoraram ligeiramente no setor de saúde em geral, liderada por uma forte recuperação nas restrições de demanda, aumentando em 12 pontos do H2 2020 para -36, apenas 2 pontos do nível pré-Covid-19 e um dos setores de melhor desempenho na primeira metade de 2021. Mas enquanto as restrições de demanda melhoraram, as restrições de oferta pioraram, caindo para uma nova baixa recorde de -52.

Elaine Daly, head de consultoria da Grant Thornton Irlanda, explica que toda a demanda crescente agora está pressionando a oferta. “O sistema está tentando recuperar o atraso e pode fazê-lo aumentando a capacidade, o que, por sua vez, exigirá pessoal adicional. O setor de Life Science não apresentou um nível tão alto de dispensas de pessoal durante a pandemia como outros setores, e as empresas podem ter dificuldade em recrutar pessoal qualificado e experiente”.

As intenções de investimento, embora tenham visto uma melhoria, foram mais discretas do que outras indústrias. No entanto, as intenções de investir em tecnologia aumentaram, de 18 pp para 64%, para níveis não vistos na área da saúde desde o final de 2017. A tecnologia e os dados estão se tornando mais importantes em Life Science, com a pandemia destacando o papel que a tecnologia desempenha nesses setores, já que muitas empresas tiveram que aproveitar os recursos digitais para permitir a interação e o serviço com o cliente.

Como Amy Flynn aponta, “por meio da pandemia, vimos a importância da tecnologia. Organizações tecnologicamente sólidas foram mais capazes de responder aos desafios”.