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Mineração
Construção de força de trabalho com mais mobilidade, entendimento das alterações da legislação e elaboração de processos para gerenciar riscos de corrupção.
Na Europa e nos EUA, o TCFD já é obrigatório em algumas jurisdições e cada vez mais adotado como gerenciamento de risco ambiental por grandes empresas. Agir agora capacitará as empresas de médio porte a proteger suas cadeias de valor, aumentar a credibilidade com os stakeholders e garantir acesso futuro a financiamento e investimento.
Quando o Financial Stability Board (FSB) criou o TCFD em 2015, o objetivo era claro: identificar os tipos de informações que as empresas devem divulgar para oferecer aos investidores, credores e outros stakeholders um controle preciso sobre os riscos relacionados ao clima que podem afetar o valor de uma empresa.
“O TCFD está desempenhando um papel central em trazer clareza às divulgações das empresas, impulsionando a maior mudança individual na forma como as empresas divulgam desde a formação da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) na década de 1930”, descreve Mark Lemon, gerente sênior de ESG e Sustentabilidade na Grant Thornton LLP (EUA).
Em um cenário complexo de regulamentações e padrões, a adoção das recomendações do TCFD está crescendo rapidamente. De acordo com o TCFD 2022 Status Report, o suporte para a estrutura agora abrange 99 países e quase todos os setores da economia, com uma capitalização de mercado combinada de mais de US$ 26 trilhões. O relatório mostra que 80% das empresas divulgam seus dados de acordo com pelo menos 1 das 11 recomendações do TCFD.
Em 2021, as divulgações do TCFD foram a base do estabelecimento de um framework global de relatórios de sustentabilidade, liderada pelo International Sustainability Standards Board (ISSB). Seu primeiro conjunto de padrões deve ser lançado no início de 2023.
Como Sarah Carroll, diretora de relatórios de sustentabilidade da Grant Thornton International Ltd, explica: “A qualidade do TCFD como estrutura é comprovada pelo fato de o ISSB o estar usando como base para seus futuros padrões. A arquitetura e a terminologia da estrutura ISSB baseiam-se fortemente na orientação do TCFD.”
Com a necessidade de reportar os impactos climáticos se tornando mais urgentes e as empresas de maior porte reforçando cada vez mais a conformidade em todas as suas cadeias de fornecimento e valor para atender aos seus próprios requisitos de relatórios, as empresas de médio porte devem agir agora para garantir que não sejam deixadas para trás no futuro.
Por que o TCFD deve ser tratado com urgência
“Os investidores estão procurando empresas que se comportem como se 2050 fosse daqui a 10 anos, não 28”, alerta Katerina Katsouli, diretora de ESG e Sustentabilidade da Grant Thornton Grécia.
A mensagem do mercado financeiro internacional é clara: os investidores irão optar por as empresas que ficam atrás de seus concorrentes na implementação de mudanças. A pesquisa mais recente da Grant Thornton no mercado de médio porte global confirma isso – aumentar a reputação com as partes interessadas é considerado um benefício significativo dos relatórios relacionados ao clima, citado por 25% das empresas.
E as questões vão além das demandas dos investidores. Laura Tibbetts, diretora de Consultoria de Contabilidade Financeira da Grant Thornton UK, destaca quantas instituições financeiras agora precisam vincular as divulgações em suas demonstrações financeiras e carteiras de empréstimos ao seu progresso em direção ao net-zero.
“Existe o risco de que as empresas sem uma estratégia de transição confiável para o net-zero possam encontrar financiamento indisponível ou mais caro, porque sem isso elas representam um risco maior para o credor”, explica Tibbetts.
Katsouli diz que imperativos comerciais estão em jogo. “A economia europeia será completamente diferente em termos de produtos e serviços em 10 anos. As empresas que investem em tecnologias e produtos ecologicamente corretos alcançarão uma vantagem competitiva sustentável, enquanto aquelas que não o fizerem enfrentarão grandes desafios de desenvolvimento.”
As empresas que incorporam a conscientização e a mitigação das mudanças climáticas em toda a organização, do chão de fábrica ao conselho, gerarão as maiores vantagens comerciais da transição, acredita Tibbetts. “A necessidade de reportar está forçando as empresas a se tornarem mais sustentáveis em seu comportamento, o que, por sua vez, as tornam mais atraentes para investidores, clientes, credores e outras partes interessadas”, diz ela. “É um círculo virtuoso.”
O mercado financeiro e reguladores brasileiros estão atentos às tendências e mudanças globais. Em 2022 tivemos passos importantes trazidos por novas resoluções da CVM, BACEM e CMV que, cada qual no seu escopo, incluíram os aspectos de riscos sociais, ambientais e mudanças climáticas em seus itens mandatórios”, diz Daniele Barreto e Silva, líder de Sustentabilidade da Grant Thornton Brasil. “Precisamos evoluir, mas já estamos dando nossos passos com relação às exigências de divulgações”.
Desafios para os negócios
As vantagens de reportar são significativas, mas também devemos considerar os desafios envolvidos no cumprimento das recomendações do FSB. Isso inclui dificuldades enraizadas na própria estrutura do TCFD para o tipo de divulgação realizada. Surgem três grandes dificuldades:
A primeiro é a experiência limitada ou inexistente das empresas que realizam os reportes pela primeira vez, quando se trata de analisar e relatar com precisão o cenário de mudança climática que afeta suas organizações. Isso não apenas gera risco, mas impulsiona a necessidade de recursos e conhecimentos novos ou realinhados, seja dentro da empresa ou externamente.
A segundo é o acesso aos dados relevantes – particularmente difícil para empresas menores que historicamente não têm recursos de pesquisa para analisar as informações relevantes relacionadas aos aspectos ESG.
A terceira é a questão da governança. O conselho possui os processos e controles internos implementados para se manter atualizado dos assuntos relacionados ao clima? Leva em consideração as questões climáticas ao definir a estratégia? E como mede o progresso? As mesmas perguntas se aplicam à gestão.
O guia abaixo ilustra como as empresas podem enfrentar esses desafios.
Por onde começar no TCFD?
- Entenda o prazo e a complexidade
Por exemplo, a regulamentação sobre relatórios climáticos, que normalmente abrange relatórios de emissões, está chegando ao Reino Unido, UE, EUA e muitas outras partes do mundo. Mas desenvolver e implantar um programa eficaz de gestão de gases de efeito estufa (GEE) é um processo significativo e robusto.
As empresas não podem se dar ao luxo de subestimar o tempo, o esforço e a complexidade envolvidos na incorporação das questões climáticas no centro dos negócios. Isso é especialmente relevante para as empresas que estão iniciando em seus relatórios ao mercado. As organizações precisam entender quem será responsável por levar o projeto adiante e garantir que tenham o conhecimento e os recursos de que precisam.
- Construa um roteiro viável
O próximo passo para garantir o sucesso de novos processos de relatórios é desenvolver o roteiro certo para levar a organização onde ela precisa estar dentro do prazo necessário. Com muita frequência, as empresas definem e declaram metas ambiciosas, sem fornecer informações sobre como vão alcançá-las.
“Veja os requisitos e o que você precisaria ter em vigor se fosse reportar hoje”, aconselha Tibbetts. “O que você precisaria incluir e como isso se compara às melhores práticas, aos seus pares e a outros em seu setor? Considere o que você quer que seu relatório diga, trabalhe a partir disso e priorize quaisquer gaps que surjam durante o processo.”
- Crie uma estrutura de relatórios internos eficazes e eficientes
Métricas confiáveis relacionadas ao clima começam com uma base sólida. Documentar a justificativa para as principais decisões em cada etapa do processo ajudará bastante no suporte a futuros relatórios e requisitos de garantia, tornando os processos necessários mais fáceis a longo prazo para todos os envolvidos.
- Defina KPIs e acompanhe o desempenho
As empresas devem estabelecer indicadores-chave de desempenho (KPIs) que abordam os riscos e oportunidades relacionados ao clima que enfrentam e acompanhar o desempenho em relação a eles ao longo do tempo. Para as empresas que atualmente não possuem os recursos necessários para coletar e processar esses dados, os planos precisarão ser implementados para garantir que isso possa ser feito de forma eficaz.
“À medida que o mundo se move para reduzir agressivamente as emissões de GEE – visando net-zero até 2050 – é importante entender o nível atual de emissões da operação; identificar as fontes e formas mais eficazes e eficientes de reduzir essas emissões e formas de compensar as emissões residuais”, explica Silva.
- Compreenda as implicações dos relatórios financeiros e os desafios de divulgação
É impossível subestimar as complexidades envolvidas na interação entre as divulgações do TCFD e outros elementos nos relatórios corporativos. As discussões e divulgações que as empresas podem incluir na seção TCFD terão implicações nos relatórios financeiros.
Por exemplo, uma empresa pode estar esperando sair de certos setores ou ver mudanças no comportamento do consumidor. Elas precisarão considerar o que isso pode significar para suas previsões ou como apresentam a análise do negócio. Será necessário analisar como esses fatores influenciam os principais riscos que identificaram e como isso se relaciona com suas divulgações de governança. E como tudo isso se conecta com suas informações financeiras. Fazer essas perguntas é essencial para uma empresa no início de sua jornada de geração de relatórios.
- Obtenha visibilidade sobre sua cadeia de valor e emissões de Escopo 3
As empresas líderes estão exigindo cada vez mais compromissos de net-zero em todas as suas cadeias de valor, trabalhando em estreita colaboração com fornecedores e clientes à medida que alavancam sua capacidade de atingir suas metas de emissões de Escopo 3 – estabelecendo um precedente que em breve será esperado de todos os negócios.
- Implemente as estruturas de governança apropriadas
As empresas precisam implementar as estruturas e procedimentos de governança necessários para garantir a conformidade tanto no conselho quanto na administração. Embora isso esteja se tornando mais fácil à medida que as lideranças assumem suas responsabilidades climáticas, é uma área de foco importante para as empresas que ainda não instigaram a mudança.
A partir de nossa pesquisa global, sabemos que integrar o pensamento ESG em todos os níveis da organização é considerado o fator mais importante para aumentar a credibilidade dos relatórios de sustentabilidade, destacado por 35% dos líderes de negócios de médio porte.
Agilidade é fundamental
O tempo está se esgotando para qualquer organização internacional que ainda está se preparando para iniciar as etapas necessárias para atender às demandas do TCFD. É preciso agir agora para enfrentar os desafios envolvidos e superar as barreiras reais que estão por vir.
Como a Grant Thornton Brasil pode auxiliar nessa jornada?
Conte com o apoio dos nossos especialistas para desenvolver sua abordagem aos relatórios de TCFD.