Apesar do crescente interesse das empresas pela gig economy, ou seja, contratações sob demanda, uma questão fundamental permanece: as organizações estão preparadas para aderir a esse modelo de trabalho?
No Brasil, as discussões a respeito das contratações temporárias foi um dos aspectos que rendeu alterações na legislação trabalhista. Uma nova regulamentação do trabalho temporário foi instituída pela Lei 13.429/2017 de modo que o contrato não poderá exceder o prazo inicial de 180 dias (consecutivos ou não), podendo ser prorrogado por mais 90 dias, desde que as condições sejam comprovadamente mantidas. Para contratar novamente o mesmo profissional neste modelo, deverá ser respeitado um intervalo de 90 dias entre os contratos.
“Na prática, algumas empresas brasileiras não observam os requisitos legais para contratação de temporários, ou seja, a necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços, mantendo empregados temporários por período constante e sem avaliar os riscos envolvidos”, aponta Alberto Procópio, sócio na área de Tributos Trabalhistas e Previdenciários da Grant Thornton Brasil.
Outra modalidade que vem sendo utilizada e crescendo cada vez mais para suprir demandas sazonais é a contratação de empregados sob o regime intermitente. “O contrato de trabalho intermitente é aquele em que a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, intercalando períodos de prestação de serviços e de inatividade, que podem ser determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador”, acrescenta o executivo.
Preparo para gerenciar na gig economy
De acordo com o relatório da Mavenlink, 69% das organizações têm estruturas de suporte e políticas inadequadas para gerenciar talentos sob demanda, e 77% declaram não entender quais mudanças são necessárias para gerenciar melhor os prestadores de serviço.
No entanto, com uma preparação adequada, sua organização pode aproveitar essa crescente gama de profissionais especializados e talentosos. Aqui estão algumas dicas do diretor de Gestão de Capital Humano da Grant Thornton LLP, Steve Coman, para se adaptar às práticas modernas de contratação:
• Direcione claramente os funcionários
Estabeleça relações próximas com os prestadores de serviço na forma como você os reconhece, se comunica com eles e os aloca. Certifique-se de que você tem um ponto de demarcação claro para evitar possíveis problemas com dupla contratação.
• Defina expectativas
Independentemente de você estar recrutando prestadores de serviço diretamente com indivíduos ou com um provedor terceirizado, é essencial definir expectativas para a função e desenvolver um contrato de nível de serviço. Identifique os produtos específicos para o trabalho do contratado para garantir que você possa medir o progresso e a eficiência.
• Considere alavancar o modelo de crowdsourcing
O crowdsourcing está sendo usado de forma eficaz pelas organizações para não apenas obter talentos, mas também para resolver os principais desafios dos negócios. As empresas estão se voltando aos ambientes de código aberto para pedir a contratação de prestadores de serviço independentes, para tentar resolver um problema que não foram capazes de resolver internamente ou para o qual não possuem recursos dedicados.
• Aborde a resistência interna aos novos modelos de força de trabalho
Adotar um modelo de trabalho sob demanda pode representar, para algumas organizações, desafios relacionados às práticas de recursos humanos e modelos tradicionais de recrutamento. Essas organizações precisam considerar como podem criar um ambiente inclusivo para fornecer aos terceirizados um senso de propriedade e pertencimento.
• Entre em novas opções de aquisição de talentos
Trabalhar com um grupo externo pode ajudar a lançar uma ideia ou explorar um novo mercado, como: redes de talentos nacionais, intermediários locais e ex-funcionários da empresa.
• Considere contratar um consultor
Contrate um consultor de capital humano para conversar sobre pontos problemáticos, identificar o que está funcionando e o que não está e determinar as melhores áreas da organização para usar um modelo de recrutamento terceirizado. "Um consultor como os fornecidos pela Grant Thornton pode ajudá-lo a entender onde você poderia ganhar uma melhor pegada em mercados que você pode não estar explorando agora", disse Coman.
• Aproveite a tecnologia
Investigue as tecnologias que podem ajudá-lo a maximizar o potencial de crescimento gerado pelos colaboradores temporários. É comum verificar organizações um pouco tímidas em estender sua força de trabalho com esse modelo devido às restrições de contratação ou outras razões, mas existem tecnologias e processos de automação que podem ajudar a melhorar a eficiência e a produtividade.
• Redefina as descrições de cargos tradicionais
Cada vez mais, os trabalhadores inseridos na gig economy estão sendo selecionados para realizar tarefas baseadas em habilidades e valor agregado, o que requer uma nova maneira de pensar sobre a criação de descrições de cargos. As organizações podem pensar em dividir o trabalho em tarefas baseadas em habilidades e incorporá-las em descrições de cargo, processos e gerenciamento.
• Redefina avaliações de funcionários e de políticas
As equipes de recrutamento e seleção de talentos precisam repensar sua abordagem aos processos de avaliação e requisitos de trabalho, bem como benefícios e políticas para os trabalhadores no escritório e fora dele.
• Definir e comunicar a marca do empregador
As organizações que estão interessadas nesse modelo de contratação precisam revisitar sua marca e sua proposta de valor para garantir que ela ressoe com essa nova geração de trabalhadores. A marca deve ser comunicada de uma maneira autêntica, tanto aos contratados permanentes, quanto aos temporários. Concentrando-se na cultura da empresa e seu pessoal, as organizações podem promover uma experiência positiva para todos. Além disso, elas podem dar vida à sua marca em canais e plataformas de interesse para os trabalhadores sob demanda, como ferramentas de avaliação e de candidatura a vagas de trabalho compatíveis com dispositivos móveis, sites de emprego, blogs e sites de vídeo.
Aproveitar a gig economy pode ajudar as organizações a planejar e gerenciar o crescimento, mas exige um esforço colaborativo e uma nova mentalidade. Conte com a expertise da equipe de Consultoria em Capital Humano da Grant Thornton para gerir esse processo e auxiliar na expansão do seu negócio.