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Governança corporativa como diferencial competitivo nos negócios familiares

Daniel Maranhão
Por:
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A governança representa papel fundamental como diferencial competitivo nos negócios familiares. Foi a partir desta visão que Daniel Maranhão, CEO da Grant Thornton Brasil, abordou a temática em sua palestra no Family Business Investment 2022, realizado pelo Fórum Brasileiro da Família Empresária – FBFE.

A Grant Thornton Brasil fez uma pesquisa com o objetivo de identificar em quais aspectos as empresas familiares se destacam em relação às empresas globais em termos de crescimento. Com os resultados foi possível observar que a empresa familiar cresce, em receita, cerca de três vezes mais do que as empresas globais. E o porquê disso está relacionado ao fundador das empresas. “O dono estar no dia a dia da operação faz uma diferença gigantesca. Além disso, a empresa familiar tem visão de longo prazo”, ressaltou.

As empresas, segundo a pesquisa, viam a oportunidade de expandir seus negócios globalmente e achavam que deveriam ter uma governança, uma gestão para atuar em outros mercados. “Há exemplos atendidos por nós de empresas que vieram para o Brasil achando que tinham conhecimento do nosso mercado e tiveram dificuldades, por exemplo, para empregar as nossas regras tributárias”, conta.

Segundo Maranhão, diversas empresas acabam fechando devido a identificação de fraude, falta de gestão e dificuldade em entender o mercado. “É preciso ter sempre uma análise estratégica e contar com profissionais que conheçam o mercado de atuação para evitar problemas na internacionalização das empresas”, orientou.

Segundo Maranhão, cada empresa tem sua cultura e necessidades específicas em relação à governança corporativa. “A governança propicia monitoramento e uma gestão para criar valor para uma empresa a longo prazo e é isso que gera crescimento. São os próprios empresários que sabem o que melhor se adequa à realidade de suas empresas e famílias”.

Na dinâmica das empresas familiares, o foco do fundador costuma estar na operação, em tocar o negócio e fazê-lo crescer. Com isso, a gestão e a governança tendem a ser deixadas um pouco de lado, o que pode acarretar a perda de oportunidades de negócios futuros e aumento a exposição a certos riscos. “Diante de uma transação, com necessidade de realizar a diligência da companhia, a falta de gestão e uma governança estruturada pode impedir a venda/compra da empresa por falta de transparência e credibilidade das operações”, afirma Maranhão.

A governança traz o benefício de ter informações ágeis, confiáveis, auditadas (ou não), contribuindo para o sucesso da transação. Inclusive nos casos de IPO é exigido demonstrar uma governança estruturada e isso leva tempo – por isso deve estar no planejamento estratégico da empresa para entrar no mercado de capitais. “No processo de abertura de capital, não ter processos estruturados para a geração de informações e nem executivos com a experiência necessária para o mercado, leva a companhia a perder valor ou demora no acesso ao mercado de capitais”, ressalta Maranhão.

O Family Office é uma outra opção de gestão para a família. Nesse caso, também é necessário haver uma governança, pois tomar decisão sem governança é muito difícil. “Muitos Private Equities, quando investem nas empresas, definem que o fundador da empresa esteja envolvido no negócio pelo seu conhecimento do mercado e experiencia”, conta Maranhão. Os fundos investem onde tem geração de valor; e muitas vezes o fundador é essencial para a criação de valor em conjuntos com os fundos.

Os bancos, para dar continuidade no relacionamento e ou para oferecer taxas de juros mais competitivas, estão aumentado os níveis de avaliação de maturidade da governança, incluindo o compliance interno. Outro ponto relevante é pensar na gestão de crise. É difícil prever o imprevisível, mas o assunto crise tem de estar em pauta. Tudo isso tem a ver com a imagem e a reputação da empresa, e isso está diretamente relacionado com governança.

“Independentemente do caminho que a empresa escolher seguir, a governança vai fazer um diferencial enorme em termos competitivos e geração de valor e até na sucessão”, diz Maranhão. Segundo ele, é importante também que as empresas considerem as visões e propósitos das novas gerações. Isso ajuda a valorizá-las e a criar valor agregado. A cultura familiar é a identidade da família e deve ser preservada com uma governança estruturada.

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*Publicado originalmente no portal da FBFE (Fórum Brasileiro da Família Empresária)

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