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A população dos Estados Unidos votou e o novo presidente será Donald Trump. Enquanto ainda é muito cedo para dizer os resultados finais, definimos algumas das expectativas e implicações globais sobre este resultado.
Destaques
- O próximo Presidente dos Estados Unidos será Donald Trump.
- Os republicanos deterão o controle do Senado e da Câmara de Deputados.
- A nova administração assumirá uma abordagem diferente para acordos comerciais, no entanto, a futura posição oficial é incerta, o que contribui para volatilidade a curto prazo relacionada ao comércio. A incerteza tende a refrear o investimento estrangeiro interno e o investimento doméstico externo, potencialmente enfraquecendo o dólar, o que pode gerar uma impulsão nas exportações dos Estados Unidos.
- A longo prazo, o prospecto das políticas protecionistas dos Estados Unidos pode impactar exportadores dos Estados Unidos e convidar a ações de retaliação contra as exportações norte-americanas, mas também abrir caminho para que governos busquem relações comerciais com os Estados Unidos.
Entendendo o Congresso
O poder legislativo do Governo dos Estados Unidos é o Congresso, composto por duas partes: o Senado dos Estados Unidos e a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos. Cada estado possui dois Senadores e, ao menos, um Deputado; quanto mais residentes um estado tem, mais Deputados ele tem direito. Há 100 Senadores e 435 Deputados nos Estados Unidos.
O sistema complicado nos Estados Unidos torna a noite de eleição uma corrida para assegurar a maioria dos 538 votos no colégio eleitoral, um grupo de pessoas que representa os estados dos Estados Unidos.
A grande questão além da presidência é o que acontecerá no Congresso sob controle dos Republicanos. O Sr. Trump, até o momento, não usufruiu do apoio absoluto de seu Partido Republicano e ainda precisarão ver se suas grandes políticas sobreviverão ao Congresso ou se serão diluídas ou mesmo arquivadas.
A campanha foi dividida e, por vezes, cheia de críticas amargas e malícia entre os candidatos. Parece claro que os vencedores e os perdedores continuarão a discutir por muito tempo após o resultado declarado da eleição.
Cenários previstos
Os impactos da eleição, com certeza, serão extensos e amplos. Definimos algumas das influências sobre a política, comércio, mercado e taxas de juros.
Impacto do Congresso:
- O Sr. Trump nem sempre teve o apoio absoluto do Partido Republicano - é, pelo menos, possível que os Republicanos na Câmara, especialmente, não apóiem o Sr. Trump ou suas políticas, levando a um impasse legislativo em que nenhum progresso é possível.
- Se esse cenário ocorrer, o Sr. Trump, também enfrentará o mesmo ambiente adverso que Obama tem enfrentado desde 2008, exceto talvez não no mesmo grau.
- As implicações incluiriam o potencial de volatilidade do mercado, que, por sua vez, prejudica a confiança. Já vimos uma certa volatilidade do mercado e da taxa de câmbio em reação ao resultado da eleição. Pode ser uma reação a curto prazo, com prejuízos antecipados, que podem ser parcialmente recuperados, mas a volatilidade pode reaparecer sempre que o Sr. Trump e a Câmara não conseguirem um acordo sobre determinada questão.
Exposição econômica:
- O Sr. Trump, partindo de uma posição Republicana tradicional, apóia a manutenção do atual nível de gastos com programas sociais, como previdência social, e a elevação da idade para aposentadoria ou tetos dos benefícios.
- Recentemente, o Sr. Trump se distanciou das declarações iniciais sobre não aumentar o salário mínimo e fez declarações recentes sobre o aumento do salário mínimo para $10/hora.
- O Sr. Trump propõe cortes tributários significativos para pessoas físicas e jurídicas. Ele espera um maior crescimento econômico para compensar a redução inicial na receita tributária.
- O Sr. Trump propôs aumentar os gastos em $500bi. em infraestrutura nacional e direcionar a maior receita tributária das restrições reduzidas para o financiamento da produção de energia (ao contrário do aumento do imposto sobre a gasolina).
- Os Estados Unidos são a maior economia global com importações de todo o mundo; os gráficos a seguir mostram, em milhões de dólares norte-americanos, os países que mais se beneficiam do acesso ao mercado norte-americano e, portanto, estão mais expostos às flutuações econômicas relacionadas:
Comércio:
- O comércio é uma questão de conflito dentro do Partido Republicano. O Partido Republicano tradicional representava as questões comerciais e apoiava o livre comércio. A nova safra de Republicanos - a partir do movimento Tea Party, em 2010, e com representação do Sr. Trump - é hostil quanto a acordos comerciais. Ele se opõe à Parceria Transpacífico (TPP) e já falou sobre a busca de uma postura mais protecionista, o que pode ameaçar, por exemplo, o compromisso dos Estados Unidos com a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento em discussão com a União Europeia.
- Políticas mais protecionistas dos Estados Unidos significam, em geral, que terão uma postura mais rígida a partir de uma perspectiva administrativa para a exportação aos Estados Unidos e provavelmente os Estados Unidos sofrerão retaliações de outras nações.
Mercados:
- O Sr. Trump, na época, deu mensagens conflituosas sobre questões como imigração, política externa e defesa - os mercados internacionais podem entrar em um período de volatilidade até que suas políticas se tornem mais claras, e sabemos que a volatilidade prejudica a confiança do mercado.
- As medidas anticomércio implicam que as moedas de mercados emergentes cairão perante ao dólar e as ações/títulos dos mercados emergentes ficariam sob pressão. Um dólar mais forte torna as exportações aos Estados Unidos mais competitivas.
- Dito isto, a volatilidade a curto prazo nos mercados norte-americanos significa um dólar mais fraco, o que torna as exportações a partir dos Estados Unidos mais competitivas e as exportações aos Estados Unidos mais caras.
- O Sr. Trump disse que gastará um adicional de $550bi. em infraestrutura pública, o que implicaria maior demanda para a matéria-prima de mercados emergentes.[1]
Taxa de juros:
- As taxas de juros dos Estados Unidos são determinadas pelo Banco Central dos Estados Unidos e as declarações do Sr. Trump sobre este assunto têm sido conflituosas. Ultimamente, ele tem expressado apoio para a política de juros baixos da Presidente do Banco Central dos Estados Unidos, Janet Yellen.[2]
- O impacto da eleição do Sr. Trump sobre as taxas de juros dos Estados Unidos depende das políticas que ele busca. Ele propôs grandes cortes tributários, mas nenhuma redução nos gastos, o que, em valores nominais, aumentaria o déficit do setor público e acionaria um aumento nas taxas de juros. Há algumas dúvidas sobre até onde um congresso Republicano permitiria isto - eles podem exigir mais compensações sobre os gastos do que o Sr. Trump considerou anteriormente.
- A inflação norte-americana tem prognóstico de aumento fixo se o preço do petróleo se estabilizar e a taxa de desemprego nos Estados Unidos continuar a cair, aumentando, com isso, a demanda do consumidor.
- Espera-se que a reação do Banco Central dos Estados Unidos aos aumentos de inflação seja lenta com aumentos fixos nas taxas de juros dos Estados Unidos.
- As políticas comerciais protecionistas podem significar menor concorrência de preço entre empresas norte-americanas e, como consequência, maior pressão inflacionária. Ou pode significar tarifas sobre importações, que aumenta os preços se as importações nesse setor ainda forem compradas por clientes norte-americanos. Ou pode significar menor pressão inflacionária, se um produto norte-americano mais barato se tornar a compra preferida. Só o tempo dirá.
Para mais informações sobre a análise econômica pós-eleição e para se inscrever a um webinar, acesse nossa página "pulso político" para empresas membro da Grant Thornton US.
[1] Link Referência
[2] Link Referênica