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Levará 136 anos para eliminar o gap de gênero em todo o mundo, de acordo com os últimos levantamentos do Fórum Econômico Mundial. O mundo dos negócios está progredindo mais rapidamente em direção à paridade de gênero na liderança, com o relatório Women in Business 2022 revelando que 33% das lideranças no mid-market global são mulheres e que 90% das organizações relatam ter, ao menos, uma mulher em sua equipe sênior.
“O caminho é longo, mas não há dúvidas de que deve ser construído de forma aliada nesta ação que é essencial e pode ser tratada como um ativo valioso para uma organização. O trabalho mais importante é quebrar os preconceitos inconscientes, através de rodas de conversas entre gêneros para conscientização e inclusão. As empresas que apresentam equidade de gênero em cargos de liderança estão à frente, inclusive atendendo as exigências de mercado relacionadas às questões ESG e engajando seus diversos stakeholders a avançarem com ações práticas neste sentido”, afirma Élica Martins, sócia da Grant Thornton Brasil.
No entanto, muito ainda precisa ser feito e os aliados masculinos devem se engajar, porque a liderança precisa impulsionar o progresso.
“Não é possível mudar processos de tomada de decisão, políticas e estratégia de negócios sem contar com aqueles que estão sentados à mesa para assumir responsabilidades. É por isso que é fundamental que os homens estejam envolvidos”, explica Sheree Atcheson, vice-presidente do grupo de diversidade e inclusão da Valtech.
Infelizmente, os movimentos relacionados à equidade de gênero muitas vezes ainda são vistos como exclusivos das mulheres.
“O que muitas empresas estão fazendo de errado é apenas envolver as mulheres em iniciativas de igualdade de gênero, enquanto lutam para encontrar a maneira certa de falar com os homens que ocupam posições dominantes no local de trabalho”, diz Vassilis Kazas, managing partner da Grant Thornton Grécia. “Isso faz com que as iniciativas de mudança sejam consideradas questões das mulheres, quando deveria ser o contrário.”
Como é ser um aliado
Muitos homens falam sobre a equidade de gênero, mas o compromisso com a causa não se reflete na ação. Um relatório de 2019 revelou que, enquanto 77% dos homens relataram fazer “tudo o que podem” para alcançar a paridade de gênero, apenas 41% das mulheres concordaram que sim¹. Enquanto isso, 60% de todos os entrevistados disseram que é raro encontrar homens se manifestando contra a discriminação de gênero.
Embora a cultura organizacional, os processos e as políticas de gestão de talentos devam ser abordados, ser um aliado também pode ser tão simples quanto falar em apoio a colegas do gênero feminino.
“Trata-se de ouvir para tentar entender, aprender o que não sabemos, como podemos fazer a diferença e depois fazer algo a respeito. Pode ser tão simples quanto tentar ser um colega de equipe melhor”, diz Adrian Warr, CEO do Sudeste Asiático e head de experiência do colaborador da APAC na Edelman e co-presidente da Male Allies em Hong Kong.
Há também maneiras proativas de promover a igualdade na liderança sênior. “Um aliado será tão bom quanto suas ações”, afirma Valérie Verdoni, diretora sênior do Centro Internacional de Negócios da Raymond Chabot Grant Thornton Canadá.
“Um aliado do gênero masculino precisa ser empático e entender que a realidade de suas colegas pode ser diferente da sua. Eles precisam ser bons em ouvir, em fazer perguntas que podem ser diferentes daquelas que fariam a colegas homens e capazes de empoderar as mulheres na frente de outros colegas”.
A pesquisa também revelou que os comportamentos dos aliados que mais repercutiram entre as mulheres foram:
- Permitir que outros homens saibam quando eles disserem coisas inapropriadas no local de trabalho
- Creditar colegas de trabalho do gênero feminino por ideias e sucessos
- Defender a igualdade salarial
- Defender publicamente qualquer pessoa assediada sexualmente por outro homem¹
E essas também foram as ações que os homens se sentiram mais capazes de realizar.
Além de advogar por eles, o papel do aliado também envolve redes, conexões e relacionamentos. “O aliado precisa construir e cultivar uma relação de confiança com suas colegas mulheres para que possam encorajar essas mulheres a atingir todo o seu potencial”, diz Verdoni. Atcheson acrescenta: “Os aliados precisam estar dispostos a expandir suas redes – porque é muito fácil preencher nossas redes com pessoas com as quais nos identificamos diretamente, mas quando a maioria dos líderes são homens, isso agrava o problema”.
Os homens que estão na liderança também podem desempenhar um papel direto na atração de mais mulheres para cargos de níveis mais altos durante o processo de recrutamento, quando estão em posições para eliminar ativamente o preconceito. “O que eu pediria para os homens fazerem é manter o padrão de contratar a melhor pessoa para o trabalho, tendo entrevistado uma lista diversificada de candidatos; além disso, garantir que eles reconheçam que diferente não significa errado”, diz Atcheson.
O que as empresas podem fazer para engajar mais aliados
É necessário ter um modelo para o aliado, mas sem candidatos genuinamente dispostos a iniciativa mais bem-intencionada fracassará. Ainda existem muitos homens que não reconhecem a desigualdade de gênero no local de trabalho ou sentem que não há nada que possam fazer a respeito. Em muitos casos, barreiras organizacionais e culturais podem impedir a ação. Como as organizações podem fazer com que mais homens sejam engajados?
“A tentativa de trazer homens para a conversa já era um processo complexo”, diz Kazas. “As empresas podem mudar isso fazendo um esforço ativo para incentivar os homens a abordar a desigualdade de gênero e concentrando-se em casos de desigualdade com provas tangíveis, como dados internacionais”.
Há públicos que precisam ser trazidos para o movimento, diz Warr. Ter modelos visíveis e impactantes dentro da organização é uma das maneiras mais eficazes de fazer isso.
Para fazer com que mais homens se tornem apoiadores do avanço das mulheres no local de trabalho, seus pares devem falar de uma maneira que atraia suas próprias prioridades. “A comunicação precisa mudar massivamente”, afirma Warr. “A equidade de gênero pode ser desanimadora para o público com o qual precisamos conversar. Não parece uma narrativa que vai vender. Precisamos mudar a narrativa do problema e começar a elaborar o como isso tornará o mundo um lugar melhor”.
Esta é a teoria por trás do modelo de “círculos de influência”, defendido pelos aliados em Hong Kong. “Seu primeiro círculo de influência é você mesmo, o que você pode fazer melhor”, descreve Warr. “O segundo é sua família, seus amigos e colegas. O terceiro é o seu negócio e o quarto é a sociedade em geral. Há um enorme potencial para a mudança de comportamento”.
O impacto dos homens como aliados
Não há dúvida quanto à importância da aliança masculina na busca pela equidade de gênero nos negócios. Quando os homens agem, isso pode causar um impacto substancial. Pesquisadores da Universidade do Kansas descobriram que um aliado masculino aumenta o respeito e o apoio, reduzindo os sentimentos de isolamento. O relatório de 2021, “Aliados masculinos no trabalho: homens que apoiam a igualdade de gênero reduzem os efeitos negativos da sub-representação entre as mulheres”, mostrou que ter um aliado aumentou o sentimento de pertencimento e a confiança sentida entre as mulheres de que elas seriam tratadas com justiça. As mulheres percebiam qualquer aliado como empoderador e importantes para definir normas de igualdade nas organizações.
Homens apoiando visivelmente as mulheres no trabalho é ainda mais importante em culturas com papéis de gênero arraigados. Em certas culturas, aliados masculinos podem fazer a diferença entre progresso lento e nenhum progresso.
“Em um ambiente onde preconceitos culturais inconscientes tornam difícil reconhecer o potencial do talento feminino, o papel dos aliados masculinos é uma mudança na direção certa”, afirma Ngozi Ogwo, CEO da Grant Thornton Nigéria. “Aliados ajudam a eliminar os gaps criados por preconceitos sociais e tornam a campanha por uma força de trabalho inclusiva alcançável”.
Os aliados podem apoiar o progresso em direção à equidade de gênero na liderança de diversas maneiras impactantes:
- Exercer influência proativamente para mudar comportamentos em seus próprios círculos
- Assumir parte da responsabilidade de enfrentar o comportamento sexista no local de trabalho
- Facilitar a progressão na carreira das mulheres ao apoiar e incentivar colegas do gênero feminino de maneiras que funcionem para elas
Ao criar um ambiente no qual as mulheres se sintam incluídas e ouvidas como seus colegas homens, os aliados as ajudarão a atingir seu potencial e as encorajarão a não levar seus talentos para outro lugar. Existem recompensas recíprocas. Diversidade traz melhores resultados de negócios e aliados masculinos podem experimentar um grau de crescimento pessoal, redes mais amplas e, mais importante, os benefícios associados de uma equipe integrada, energizada e colaborativa.
Para obter mais informações sobre a pesquisa Women in Business da Grant Thornton e como as organizações podem criar uma força de trabalho diversificada e incluída, consulte o Relatório de 2022.
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¹ Promundo US - So, you want to be a male ally for gender equality? (And you should)’ - 2019