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Ao mesmo tempo em que a Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU (COP26) discutiu os rumos e as metas para a sustentabilidade do planeta, o International Business Report (IBR) da Grant Thornton revelou que, desde o início da pandemia, a sustentabilidade no Brasil se tornou mais importante para 87% dos empresários entrevistados. Mas, apesar de ter crescido em importância, somente 34% dos entrevistados brasileiros atribuíram esse crescimento às preocupações com as mudanças climáticas, apenas 1 ponto percentual (p.p.) acima dos empresários da América Latina (33%) e 5 p.p. a mais do que a média global (29%).
Esse resultado demonstra que ainda há muito que se avançar nessa questão da redução nas emissões de CO² e outros gases de efeito estufa em todo o planeta, pois a ONU concluiu, em relatório recente, que não é mais possível impedir que o aquecimento global se intensifique nos próximos 30 anos, com isso, a meta de limitar o aumento a 1,5ºC nas próximas décadas fica mais distante.
Na COP26, as discussões tiveram como objetivo definir metas mais ambiciosas para evitar o agravamento de eventos extremos, como ondas de calor, chuvas fortes, secas e ciclones tropicais provocadas pelo aquecimento, que, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, já atingem todas as regiões do planeta.
Por outro lado, os resultados da pesquisa realizada pela Grant Thornton mostram que o que mais estimula os empresários rumo à sustentabilidade é melhorar a eficiência operacional e reduzir custos, item igualmente citado por 48% dos entrevistados no Brasil e na América Latina, contra 42% globalmente. Melhorar o acesso ao capital e a investimentos vem em seguida, sendo importante para 35% dos brasileiros e latino-americanos e 37% do global. Por último, o aumento na regulamentação e requisitos de relatórios não financeiros foi citado por 19% dos respondentes (Brasil e América Latina) e 32% do global.
Ações adotadas para impulsionar a sustentabilidade nos negócios
Com relação às ações que as empresas têm adotado para tornar o negócio mais sustentável:
- 57% dos empresários brasileiros afirmaram ter desenvolvido uma estratégia de sustentabilidade, índice que ficou em 47% na América Latina e 43% no global;
- 26% afirmaram buscar padrões externos e certificações em sustentabilidade – América Latina 25% e global 16%;
- 20% optaram por indicadores de desempenho e definição de metas (Brasil), 23% (América Latina) e 29% (global);
- 15% adotaram ações baseadas em medições ESG no Brasil, 14% (América Latina) e 22% (global).
Barreiras enfrentadas pelas empresas neste processo
Outra questão relevante diz respeito às barreiras que retardam o progresso da sustentabilidade nas empresas.
- Falta de clareza em torno de novos regulamentos/requisitos foi apontada por 51% dos empresários brasileiros, 43% dos entrevistados na América Latina e 31% globalmente.
- Dúvidas em relação às melhores estruturas de medição é outro entrave, citado por 31% dos brasileiros e 26% dos latinos, com índice global de 25%;
- Preocupação com os custos das ações é sentida por 25% dos entrevistados brasileiros, 28% dos latinos e 30% global;
- Benefícios financeiros limitados de cada ação, que preocupam 16% dos brasileiros, 17% dos latinos e 22% globalmente.
“Não há dúvida que o tema sustentabilidade vem ganhando terreno nas empresas brasileiras e foi claramente impulsionado pela pandemia da Covid-19. Porém, a integração dos aspectos ESG nos negócios é um processo que envolve etapas de entendimento e implementação.
Os resultados da pesquisa demonstram que muitos empresários, especialmente os brasileiros, sentem falta de clareza do que é requisito importante dentro da sustentabilidade no contexto dos seus negócios. Para agilizar e facilitar a construção de parâmetros mais concretos, a articulação conjunta e colaborativa entre governos, reguladores e organizações é fundamental”, avalia Daniele Barreto e Silva, líder de Sustentabilidade da Grant Thornton Brasil.
Para ilustrar o atual cenário, a executiva cita um estudo da Organização Mundial do Comércio (OMC) que afirma que os desastres naturais são uma ameaça real aos objetivos de desenvolvimento nacional e internacional e reforça a importância de neutralizar a emissão de gases e manter o aumento da temperatura média global em 1,5˚C até 2050, um dos objetivos da COP26. Aponta, ainda, que a interdependência da economia mundial e a prevalência de cadeias de abastecimento globais implicam que danos à infraestrutura local ou à capacidade produtiva podem ter impactos econômicos e comerciais globalmente.
“Em conjunto com seus stakeholders e assumindo uma atitude construtiva, as empresas precisam buscar mecanismos para eliminar as barreiras apontadas e avançar na agenda de sustentabilidade, para não ficarem à mercê de eventos climáticos e suas consequências, que podem abalar os negócios”, finaliza.