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Análise de estresse: estratégia crucial no gerenciamento de riscos

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As recentes crises financeiras, dos últimos 15 anos, escancararam uma necessidade de tornar mais robusto o sistema de gerenciamento de riscos das instituições financeiras.
Destaques

Seja por falta de habilidade em incorporar, na estratégia da instituição, uma gestão capaz de antecipar determinados movimentos relevantes, seja pelo fato de estarem diante de um evento extremo, um cisne negro, ou talvez uma mistura de ambos, o fato é que diversas instituições enfrentaram sérios problemas de liquidez, requerendo severas intervenções dos órgãos reguladores.

As recentes crises financeiras, dos últimos 15 anos, escancararam uma necessidade de tornar mais robusto o sistema de gerenciamento de riscos das instituições financeiras. Seja por falta de habilidade em incorporar, na estratégia da instituição, uma gestão capaz de antecipar determinados movimentos relevantes, seja pelo fato de estarem diante de um evento extremo, um cisne negro, ou talvez uma mistura de ambos, o fato é que diversas instituições enfrentaram sérios problemas de liquidez, requerendo severas intervenções dos órgãos reguladores.

As recentes crises financeiras, dos últimos 15 anos, escancararam uma necessidade de tornar mais robusto o sistema de gerenciamento de riscos das instituições financeiras. Seja por falta de habilidade em incorporar, na estratégia da instituição, uma gestão capaz de antecipar determinados movimentos relevantes, seja pelo fato de estarem diante de um evento extremo, um cisne negro, ou talvez uma mistura de ambos, o fato é que diversas instituições enfrentaram sérios problemas de liquidez, requerendo severas intervenções dos órgãos reguladores.

Instituições financeiras variam quanto à sua segmentação, público-alvo, produtos e serviços. Umas podem ter mais apetite por risco de crédito, outras se aventuram em operações de tesouraria, derivativos, com grande sensibilidade ao risco de mercado, mas o que realmente leva uma instituição a fechar suas portas, é a falta de liquidez.

Foi justamente uma crise de liquidez que levou o Silicon Valley Bank, o 16º maior banco comercial dos Estados Unidos, a falir. Surfando no mercado de tecnologia nos últimos anos, em um cenário de juros baixos, o SVB mais que triplicou os seus depósitos entre 2019 e 2022. Com tanto recurso disponível -- mas nem tanta demanda por crédito, principalmente durante a pandemia --, grande parte desses recursos foi alocada em ativos hipotecários, com risco moderado a alto.

Impacto da alta dos juros e a falência do SVB

No final de 2021, o Federal Reserve iniciou uma escalada na taxa de juros, para conter a inflação, o que levou a uma migração de recursos para títulos do tesouro, com menor risco. Com o crédito mais caro, vários depositantes do SVB, a maioria Startups de tecnologia, começaram a resgatar os seus depósitos. Com isso, o SVB foi obrigado a liquidar parte da sua carteira de títulos, com prejuízo de quase 2 bilhões de dólares.

Esse é um exemplo clássico do que leva um banco à falência. Aparentemente, o SVB faltou à aula básica, de gestão de ativos e passivos. Neste caso, claramente faltou habilidade para se evitar a catástrofe. Acontece que, até mesmo instituições bastante sólidas, podem ter o mesmo fim, caso não adotem uma gestão de risco apropriada.

A capacidade de antecipação de eventos que possam afetar drasticamente uma instituição financeira vai além do feijão com arroz. Apenas elaborar relatórios contendo o Value at Risk para risco de mercado, monitorar mensalmente a evolução da inadimplência e realizar as projeções de caixa, podem não ser suficientes em um cenário adverso.

Testes de estresse: além da conformidade, explorando benefícios reais

Apesar de os testes de estresse serem requisitos regulatórios na gestão de riscos, muitas instituições aplicam a literalidade da norma, mas não aproveitam o potencial benefício que este tipo de avaliação pode trazer.

O risco de liquidez é um dos principais desafios enfrentados pelas instituições financeiras. Como já dissemos, é a falta de liquidez que leva uma instituição financeira à falência. As análises de stress permitem simular cenários de falta de liquidez, como retiradas massivas de depósitos ou eventos de pânico, e avaliar o impacto desses eventos na capacidade das instituições de cumprir suas obrigações. A falta de liquidez é o fim da linha, mas pode ser originada de diversas formas.

Um cenário adverso para risco de crédito, por exemplo, leva a uma deterioração dos ativos da instituição, aumento da inadimplência, perda de valor de garantias, que podem afetar o fluxo de recebimento dos ativos de forma indesejada. Por sua vez, variações extremas em fatores de risco de mercado, como câmbio, inflação, taxas de juros, volatilidade, podem potencializar o descasamento de valor justo entre os ativos e passivos, por exemplo. Ao se simular cenários extremos e o seu impacto em seus resultados financeiros e capital, aumenta-se a resiliência da instituição.

Teste de estresse para riscos operacionais: prática incomum

O que é bastante incomum de se perceber na gestão de riscos é o teste de estresse para riscos operacionais.

Eventos relacionados a falhas em processos internos, sistemas de tecnologia da informação, fraudes, desastres naturais, entre outros, podem afetar de distintas maneiras. As análises de stress permitem que as instituições identifiquem as áreas mais vulneráveis a esses riscos e avaliem a eficácia dos planos de contingência e recuperação, aumentando-se a resiliência das instituições frente a eventos adversos.

As análises de estresse desempenham um papel fundamental no gerenciamento de riscos das instituições financeiras, permitindo avaliar sua resiliência e capacidade de enfrentar eventos adversos nos âmbitos de liquidez, crédito, mercado e operacional. O Banco Central do Brasil, como órgão regulador, tem reconhecido a importância dessas análises e tem estabelecido diretrizes e requisitos para sua realização pelas instituições financeiras. Ao adotar uma abordagem preventiva e orientada a riscos, o Banco Central contribui para a estabilidade e a solidez do sistema financeiro brasileiro, mitigando o impacto de crises financeiras e promovendo a confiança dos agentes econômicos.

Autores – Eduardo Glezer, sócio de serviços financeiros

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